LITERATURA
Profa. Ma. Ana Paula Ribas (UFSCar)
Prof. Dr. Franco Baptista Sandanello (AFA)
RESUMO: Transpor o passado para um texto ficcional não é tarefa fácil: há um hiato natural entre viver e narrar. As palavras olham invariavelmente para trás, ulteriores aos fatos que reportam. “A memória é um ato de ‘visão’ do passado, mas, como ato, é situado no presente da memória. E é o mais das vezes um ato narrativo: elementos soltos passam a integrar a estória, para que possam ser lembrados e eventualmente contados.” (Mieke Bal) Toda narrativa de memórias é, neste sentido, um (des)encontro consigo própria, dividida entre o presente (condição sine qua non da narração) e o passado (conteúdo e essência da narrativa). Etimologicamente, “narrador” deriva de “gnarus”, aquele “que conhece, que sabe”, em oposição a outro “ignorante” e a algo “ignorado”: “narrar”, por conseguinte, seria a ação de fazer conhecer ou saber, i.e., contar (Antoine Ernout & Alfred Meillet). Trata-se, pois, de um conhecimento necessariamente compartilhado: “lembrar é sempre um ato social” (Maurice Halbwachs). No entanto, “a distinção entre testemunhar e contar uma história está na operação de factualização, na afirmação da referência a um acontecimento do mundo real, que passa pela atestação biográfica do narrador" (Renaud Dulong). Refletindo sobre os acontecimentos históricos e as personalidades que se imortalizaram por intermédio dos testemunhos, nas autobiografias, nos relatos de guerra ou nas mais diversas memórias subterrâneas que ganham fôlego e emergem após anos de repressão e sufocamento pela chamada “memória oficial” (Michael Pollak), os estudos sobre a memória são diversos e carregam consigo a história de indivíduos que trazem consigo as cicatrizes de seu tempo. Assim, o simpósio de “Literatura e testemunho” pretende acolher trabalhos que tratem sobre as diversas figurações literárias do memorialismo, atentando para sua capacidade de interpretar e representar, textualmente, literariamente, momentos importantes da história brasileira e mundial, numa tensa relação entre a suposta “exatidão” dos fatos e a concomitante “fidelidade” narrativa a sua significação pretérita (Philippe Lejeune).
Profa. Ma. Carolina Ramos Henrique
Profa. Dra. Dayse Rayane e Silva Muniz
Prof. Dr. Guilherme Pereira Rodrigues Borges
RESUMO: Este simpósio temático, em formato online, tem o objetivo de publicizar as discussões e reflexões desenvolvidas no segundo semestre de 2024 no Grupo de Pesquisas Literaturas Contemporâneas em Debate (LiCoDeb - UnDF/Cnpq). O grupo, o primeiro com enfoque em Literatura na recém-criada UnDF, busca promover estudos sobre: i. Literatura do DF; ii. Literaturas dissidentes; iii. Ecopoéticas - diálogos entre literatura e meio ambiente; iv. Reescrituras e intertextualidade na literatura contemporânea. Visto que as linhas de pesquisa promovem diálogos interculturais profundos com diferentes momentos históricos, geografias, práticas e sujeitos discursivos, entendemos que as elucubrações levantadas no decorrer dos seis meses de atividades do grupo são relevantes para o VII CONIL, e que conversam com outros estudos sobre os temas das linhas de pesquisa, sendo possível a abertura para comunicações fora do LiCoDeb. Além de abordar os avanços nas pesquisas do LiCoDeb em si, o simpósio busca refletir sobre o papel estratégico da UnDF como uma instituição emergente no cenário do ensino superior brasileiro. Desse modo, temos interesse em receber apresentações tanto de membros do grupo quanto de pessoas interessadas nas temáticas elencadas, incluindo estudos sobre literatura do DF e da RIDE; reflexões sobre vozes marginalizadas e narrativas que desafiam normatividades culturais e sociais; investigações sobre os diálogos entre literatura e questões ambientais; e estudos sobre a presença de outras obras e discursos no tecido da literatura contemporânea, incluindo processos tradutórios entre línguas e formas artísticas. Ademais, incentivamos submissões que abordem os desafios e oportunidades relacionadas ao estabelecimento de uma nova universidade pública, como a criação de cursos, programas de pesquisa e práticas pedagógicas inovadoras nos cursos de Letras e demais Licenciaturas, refletindo sobre o papel estratégico da UnDF e outras universidades no fortalecimento do ensino superior brasileiro e na promoção de debates acadêmicos e culturais relevantes. O público-alvo do simpósio é composto por pesquisadores(as), estudantes e professores(as) de Ensino Básico, além de pessoas interessadas em Literatura, de modo mais abrangente.
Prof. Dr. Antonio Alexandre Isídio Cardoso (UFMA/CCCO)
Profa. Dra. Poliana dos Santos (UFMA/CCBa)
Prof. Dr. Wheriston Silva Neris (UFMA/CCBa)
RESUMO: Este simpósio tem o objetivo de reunir pesquisadores para discutir de maneira crítica e atual a categoria Sertão, a partir de uma perspectiva multifacetada e complexa, que busca superar os limites e as convenções em torno do conceito. A proposta é promover uma atitude interdisciplinar, tornando possível a intersecção com outros campos de saber: literários, geográficos, históricos, cinematográficos etc. Como construto social, a ideia de Sertão possui uma historicidade e linguagem própria, constituindo parte fundamental da história e da formação do Brasil, para designar não apenas uma região, mas também um modo de ser, pensar, sentir e agir no mundo. Polissêmica, a palavra Sertão ocupa um lugar importante não apenas no campo historiográfico, mas também na literatura brasileira e na cultura popular. O romantismo regionalista do século XIX, a literatura de cordel, a ficção da geração de 1930 e de 1945, bem como a literatura contemporânea têm sido responsáveis em boa parte pelas narrativas e imaginários sertanejos, com suas ressignificações, reformulações e reciclagens. O tema também é aquecido nas ciências sociais por diversos historiadores e sociólogos, desde o século XIX com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Já presente nos relatos de viagens do período colonial, a categoria, como afirma Janaina Amado (1995), compôs o pensamento social brasileiro, tornando-se uma definição de entendimento do próprio Brasil e suas representações. Lugar da história, lugar geográfico e lugar imaginário, pensar os sertões se faz necessário ainda hoje para uma compreensão de nossas identidades e fronteiras, tomando estas como movediças, reais e imagéticas, quer no plano individual, quer no plano coletivo. Desse modo, esse simpósio procura abrir um amplo debate em torno do termo sertão e seus signos, ao mesmo tempo em que busca aprofundar o diálogo interdisciplinar entre a literatura e a história, aumentando as possibilidades de análise, fontes e reflexões estéticas e sociais.
Ricardo Nonato A. de A. Silva (UFMA)
Antonio Aílton Santos Silva (UEMA/ SEDUC - MA)
Thaís Rabelo de Souza (PPGL/ UFPE)
RESUMO: A cena contemporânea – sua exigência de atualidade –, fundada no tempo do agora, mesmo quando se volta para o passado e suas camadas, percebe, ao mesmo tempo, o futuro e suas incertezas, por isso, a indiferença e o esquecimento parecem povoar as especulações sobre o tempo e a presença nele inscrita, existente e atuante. Porém, é nessa interseção que as formas, as estéticas, as linguagens dialogam e se dialetizam, nos cruzamentos e encruzilhadas do contemporâneo, ante as novas formas do próprio ser da arte, a reivindicação de novas vozes, comunidades e lugares, a recusa ao jugo da subalternidade, a heterogeneidade e a denúncia de todas as formas de violência. Por outro lado, a um novo cenário de manifestações e experiências literárias, sensíveis e estéticas, a novas formas de expressão, trocas e representações culturais, também deve corresponder um novo cenário de pesquisa que respondam a essas propostas e demandas. Abre-se, portanto, uma correspondência entre as dinâmicas do fazer e as interrogações que também se dinamizam e se interpõem sobre esse fazer, em busca de novos caminhos, discussões e ações. Em relação a isso, torna-se também necessária a formulação e a interposição de novos entendimentos e novas categorias que ampliem a compreensão e entendimento sobre as transformações das vivências e objetos. Neste caso específico, do que estamos chamando de “poéticas do contemporâneo”, e que aqui incluem não somente as discussões sobre a poesia e sobre a prosa, mas também aquelas que dizem respeito às interseções de linguagens, formas, escritas, vivências que recorrem ao sensível e ao poético. Este simpósio agrega trabalhos e propostas de pesquisa que mobilizam algumas dessas fraturas e aspectos teóricos da poesia e da ficção contemporâneas, retomando alguns temas como as representações de memória, identidade, gênero e hibridismos em constante deslocamento daquilo que ficou culturalmente cristalizado.
Naiara Sales Araújo
José Antônio Moraes Costa
RESUMO: O presente simpósio convida pesquisadores a explorarem os diálogos entre Literatura Fantástica e Ficção Científica, duas formas narrativas que, embora frequentemente categorizadas como distintas, compartilham raízes históricas, temáticas e estilísticas, além de uma capacidade notável de ressignificar realidades. Nosso objetivo é promover um espaço de reflexão sobre os entrelaces e o hibridismo genérico que emergem quando essas vertentes se cruzam, gerando obras literárias que transcendem classificações convencionais. A literatura fantástica e a ficção científica têm como ponto em comum o desdobramento de realidades alternativas, seja pela introdução do sobrenatural ou pela extrapolação científica. Ao mesmo tempo, ambas operam em tensões com o mundo real, desafiando categorias estáveis de percepção e compreensão. Nesse contexto, o simpósio propõe investigar como esses gêneros interagem, criando narrativas que simultaneamente questionam as fronteiras entre o possível e o impossível, o científico e o mítico, o humano e o pós-humano. Os estudos interdisciplinares sugerem que o hibridismo genérico é um reflexo da complexidade cultural contemporânea. Assim, a fusão entre ficção científica e literatura fantástica permite a abordagem de questões políticas, sociais e éticas de maneira multifacetada. Exemplo disso é a presença de temas como mudanças climáticas, tecnologias emergentes, distopias e utopias, que ganham densidade narrativa quando associadas ao fantástico, como portais dimensionais, criaturas míticas ou reconfigurações do tempo e do espaço. O simpósio acolhe investigações teóricas, comparativas e aplicadas, com ênfase nos diversos eixos temáticos: Investigações sobre as origens e transformações de ambos os gêneros, com atenção às influências mútuas em diferentes períodos históricos; Análises de obras que mesclam elementos fantásticos e de ficção científica, propondo novas categorias narrativas e estéticas; Reflexões sobre como o diálogo entre esses gêneros ilumina questões contemporâneas, como colonialismo, capitalismo, gênero, raça e ecologia; Estudos sobre adaptações e diálogos entre literatura, cinema, games e outras mídias, evidenciando como os entrelaces genéricos se manifestam em plataformas diversas; Explorações sobre escritores que operam na fronteira entre os gêneros, como Ursula K. Le Guin, Philip K. Dick, Octavia Butler, Jorge Luis Borges e outros. Ao destacar os entrelaces entre ficção científica e literatura fantástica, buscamos fomentar discussões que valorizem a riqueza interpretativa e estética desses gêneros, bem como sua relevância cultural e crítica na contemporaneidade. Assim, o simpósio se propõe a articular contribuições que ampliem o entendimento sobre como essas formas literárias constroem novos imaginários, questionam paradigmas estabelecidos e refletem as inquietações humanas em tempos de rápidas transformações. Acreditamos que a investigação desses hibridismos oferece uma perspectiva privilegiada para compreender os desafios do mundo contemporâneo e os futuros possíveis projetados pela literatura.
Prof. Dra. Lucélia Almeida (UFMA)
Prof. Me. Gil Derlan Almeida (UFPI/IFMA/NYU)
RESUMO: O espaço constitui um elemento, que no bojo do texto literário, acentua outras formas e ultrapassa os liames do meramente geográfico. Desta maneira, a comunicação entre espaço e obra se molda como um universo de possibilidades que abarcam vivências, comportamentos e sentimentos dos mais variados sentidos. O espaço é parte de nós, e a indissociação desta premissa é, justamente, ponto norte dentro da proposta deste momento de discussão. Congregador de instâncias sociais que permeiam o político, econômico e pessoal, tal como afirmado por Brandão (2013), convidamos pesquisadores e pesquisadoras de instituições nacionais e estrangeiras para socializarem suas pesquisas e reflexões acerca do espaço literário como problemática de suas investigações, focando no binômio espaço-literatura e as representações e desdobramentos dessa associação nas obras literárias. Como pressupostos teóricos, sugerem-se nomes como Bachelard (1989), Brandão (2013; 2015), Borges Filho (2007); Tuan (2017), bem como outros que dialoguem sobre estas discussões. Os trabalhos podem versar sobre análises de obras literárias em língua portuguesa ou inglesa, bem como produções clássicas ou contemporâneas, mas que discutam, sobretudo, a importância do espaço como elemento que influencia na narrativa. Busca-se criar um momento de troca de saberes sobre como o espaço é reproduzido, apreendido e significado nos corpus literários, bem como essa articulação e se inscreve nas personagens. As discussões almejam refletir como sujeito/espaço se inserem nos textos, culminando em entender a importância dessas questões para os estudos literários.
Prof.ª Dr.ª Elijames Moraes (UEMA)
RESUMO: Propomos este simpósio como espaço para abrigar reflexões sobre o corpo e suas manifestações na literatura. Nesse sentido, espera-se que as problematizações das relações entre corpo, transgressão e poder sejam desdobradas em torno das teorias literárias, estéticas e filosóficas como as de G. Bataille, G. Agamben, M. Foucault, W. Benjamin e outros críticos que dialogam com o objeto literário. Logo é oportuno lembrar sobre os corpos que, de algum modo, rompem os padrões estabelecidos pela sociedade, pelo patriarcado, por doutrinas que visam estruturar comportamentos. Por fim, serão aceitos estudos que, tragam o texto literário para o debate (ou questões teóricas sobre poesia ou prosa) em seus objetos de análise, estejam articulados à uma discussão acerca do corpo que (re)existe em suas mais variadas perspectivas.
Cacio José Ferreira (UnB/UFMA)
Norival Bottos Júnior (UFAM)
RESUMO: A poesia brasileira contemporânea caracteriza-se por uma notável pluralidade de vozes, formas e temáticas, evidenciando um período de intensas transformações sociais, culturais e tecnológicas. No século XXI, o gênero poético transcendeu as páginas dos livros, planando-se em novas plataformas como blogs, redes sociais e eventos performáticos, que aproximam a literatura do público de maneira diversa. Essa expansão, porém, não implica uma ruptura completa com a tradição, mas sim um diálogo dinâmico que ressignifica elementos da poesia clássica e modernista. Nesse sentido, os poetas contemporâneos abordam temas urgentes, como desigualdades sociais, identidade, questões de gênero, raça e sustentabilidade, posicionando a poesia no centro dos debates que moldam a sociedade brasileira atual. A linguagem poética também se tornou mais experimental, incorporando oralidade, visualidade e elementos sonoros, ao mesmo tempo em que mistura diferentes estilos e registros. Além disso, autores oriundos das periferias e de movimentos marginais têm conquistado espaço, desafiando estruturas literárias convencionais e trazendo perspectivas inovadoras para a produção poética. Essa diversidade reforça o caráter inclusivo e democrático da poesia brasileira contemporânea, marcada pela fusão entre tradição e vanguarda. Assim, o panorama atual pode revelar uma produção rica, multifacetada e em constante reinvenção, que continua a surpreender e desafiar, mantendo vivo o poder transformador da palavra. Nesse cenário, as discussões propostas para o simpósio têm o potencial de evidenciar as novas expressões da poesia brasileira contemporânea e sua ressonância em múltiplas plataformas. Ao transitar entre imagem, paisagem e palavra, a poesia é concebida como uma força criadora e imagética, capaz de gerar novas substâncias e oferecer um olhar renovado sobre a produção literária do Brasil.
Lanna Caroline Silva de Almeida (UFMA)
Maria Evelta Santos de Oliveira (UFMA/UEMA)
RESUMO: A Literatura tem desempenhado, ao longo da história, um papel central na construção e no questionamento das representações sociais, servindo como um espelho crítico das dinâmicas culturais, identitárias e políticas de cada época. Nesta perspectiva, propomos explorar a interseção entre literatura e representações sociais, investigando como as narrativas literárias refletem, moldam e desafiam os imaginários coletivos e as estruturas de poder. Para embasar as discussões, utilizaremos o suporte teórico de autores como Antonio Candido, Walter Benjamin, William Labov, Mikhail Bakhtin, Pierre Bourdieu, bell hooks, dentre outros. A proposta é analisar o texto literário sob uma perspectiva interdisciplinar, contemplando abordagens oriundas dos estudos culturais, pós-coloniais e feministas. Assim, este simpósio busca reunir pesquisadores e educadores interessados em investigar o impacto da literatura na configuração da identidade coletiva e na promoção de uma sociedade mais plural, inclusiva e sensível às múltiplas vozes que a compõem.