As edições do Congresso Internacional de Letras (CONIL) dão continuidade e ampliam o legado iniciado com o I Colóquio Internacional de Letras (I CIL), realizado em junho de 2016, com o tema 'Linguagem e Diversidade Cultural', que contou com mais de 500 participantes. Em seguida, o I Congresso Internacional de Letras (I CONIL), realizado em 2017 com o tema 'Língua Portuguesa e suas Literaturas no Mundo', atraiu mais de 800 participantes ao Centro de Ciências de Bacabal da Universidade Federal do Maranhão.

Logo após a criação do Curso, o colegiado de Letras se reuniu para idealizar um evento que pudesse marcar a agenda dos eventos acadêmicos de Letras no Brasil e no mundo, atraindo pesquisadores renomados, nacionais e internacionais, para debater amplamente os problemas sociais em geral, relacionados à área. A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) foi estabelecida como instituição executora do Congresso Internacional de Letras (CONIL), com o Centro de Ciências de Bacabal (CCBA), Curso de Letras, como instituição promotora. Tratar das questões tradicionais da área da linguagem e literatura, mas também para destacar o papel fundamental dos estudos linguísticos e literários em suas múltiplas complexidades. O I CONIL foi um sucesso, ocupando um espaço importante na agenda de eventos relevantes, especialmente no cenário local e nacional, com ênfase nas Regiões Nordeste e Norte, que ainda carecem de eventos de grande porte e significância.

Os Anais do I CONIL publicaram mais de 160 trabalhos apresentados durante o evento. Essa trajetória foi consolidada com o II Congresso Internacional de Letras (II CONIL - 2018), cujo tema foi 'Transdisciplinaridade, Língua Portuguesa e Literatura'. O evento conta com mais de 800 inscritos e cerca de 300 trabalhos apresentados, proporcionando um espaço para o debate da interdisciplinaridade entre pesquisadores do Brasil e de outros países.

O II CONIL marcou o início de uma tradição de financiamentos que o Congresso vem recebendo, à medida que ganhou espaço e relevância no cenário nacional, exigindo maiores recursos para sua realização. As agências financiadoras do país desempenharam um papel fundamental nesse processo, especialmente a Fundação de Amparo ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), cujas contribuições foram essenciais para o sucesso e a continuidade do evento.

O III CONIL (2019), com o tema 'Línguas e Literatura em Tempos de Resistência', reuniu cerca de 700 pesquisadores e mais de 300 apresentadores de diversas regiões do Brasil e de outros países. O evento abordou momentos históricos em que grupos minoritários resistiram a poderes hegemônicos que ameaçavam suas existências e direitos.

Em 2021, o IV CONIL teve como tema 'Línguas e Literatura, do Códice ao Hipertexto: a Inter-relação entre Sujeito e Tecnologia'. Realizado totalmente online devido à pandemia de COVID-19, o congresso contou com mais de 540 trabalhos inscritos e 1.200 ouvintes. Esse evento celebrou a importância das tecnologias de comunicação e refletiu sobre as transformações nas expressões culturais e linguísticas durante a pandemia, que se estendeu de 2019 a 2023.

Já em 2022, o V CONIL trouxe o tema 'A Carnavalização na Língua e na Literatura: Diversidade, Variação e Linguagem', mantendo o formato online. Mais de 800 pessoas se inscreveram, e o evento, mesmo realizado remotamente, foi um sucesso. Ele propôs discutir enriquecedoras com profissionais e pensadores renomados no campo imposto das Letras, apesar das limitações pelo contexto pandêmico."

Nessa ocasião, a temática da diversidade social, cultural, linguística e literária do Brasil e do mundo foi celebrada. O tema ressaltou a importância do reconhecimento da igualdade entre diferentes grupos sociais e rejeitou discursos de extermínio e apagamento de vozes, que não podem ser admitidos em nossa sociedade moderna e plural.

Na edição de 2023, realizada ainda no formato remoto, desta vez por restrições orçamentárias, o tema central foi "Gênero, Poder e Linguagem: velhas estruturas, novos desafios na Língua e literatura"'. A escolha dessa abordagem surgiu da percepção de que a linguagem e a literatura desempenham um papel arquitetônico essencial no exercício do poder em diferentes contextos e relações sociais, especialmente na questão de gênero.

Refletir sobre a conexão intrínseca entre "Gênero, Poder e Linguagem" é discutir um tema ancestral que permanece extremamente atual. Em um mundo em constante confronto entre o antigo e o moderno, em que o sujeito é sempre produto de seu tempo, sem se desvincular da experiência histórica, torna-se crucial debater como o controle do discurso reflete desigualdades sociais e estruturas de poder profundamente arraigadas. Daí o subtítulo: 'Velhas Estruturas, Novos Desafios na Língua e Literatura'.

O ano de 2024 marcou o retorno do CONIL ao formato presencial. Em sua 7ª edição, realizada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de Bacabal, o Congresso Internacional de Letras abordou o tema 'Ciências da Linguagem: Língua e Literatura na Contemporaneidade'. Com essa temática relevante, o evento promoveu encontros, debates e a construção de pontes para o desenvolvimento das áreas de linguagem, usando a estrutura do Centro de Ciências de Bacabal como um espaço para discussões acadêmicas essenciais.

Esse retorno ao presencial resgata o espírito dos eventos acadêmicos anteriores à pandemia de COVID-19, quando o contato humano era central. Embora o impacto tecnológico sobre o compartilhamento e a produção científica, especialmente nas ciências da linguagem, seja irreversível, a intenção é recriar o espaço de proximidade, promovendo discussões e diálogos face a face. A proposta é, assim, valorizar o potencial transformador das ciências da linguagem na sociedade moderna.

Em 2025 a proposta temática é "Transculturação: um mundo de saberes na Linguagem e Literatura". A transculturação, conceito desenvolvido por Fernando Ortiz, refere-se ao processo de fusão e transformação cultural que ocorre quando diferentes sociedades interagem. Ao contrário da simples assimilação, a transculturação envolve uma troca dinâmica, onde cada cultura influencia a outra, gerando novas expressões culturais. No campo da linguagem, isso se manifesta na transformação de significados e no surgimento de novas formas de comunicação, evidenciando que os saberes não são fixos, mas circulam e se adaptam aos contextos em que estão inseridos. Homi Bhabha, ao discutir a hibridização cultural, acrescenta que os saberes estão em constante negociação, resultando em formas híbridas de conhecimento. Na literatura, isso é visível em obras que combinam tradições locais e globais, orais e escritas, criando espaços de expressão para vozes que antes eram marginalizadas. Essas obras mostram como o contato entre culturas pode gerar novas narrativas e perspectivas, desafiando estruturas de poder e representações unívocas. Destaque para trabalhos de autoras como Angela Davis, bell hooks, Sueli Carneiro, Lélia González, Daniel Munduruku, Ailton Krenak, Marcos Terena, Álvaro Tucano, que discutem o papel do protagonismo negro e indígena. Edward Said, por meio de sua crítica ao orientalismo, destaca como os discursos culturais moldam a percepção do "outro" e constroem identidades. Na contemporaneidade, a literatura e a linguagem operam como campos onde diferentes saberes podem coexistir e se confrontar, abrindo possibilidades para a criação de novas identidades e a resistência a narrativas hegemônicas. A transculturação, assim, revela-se essencial para compreender o papel da linguagem e da literatura na formação de um mundo de saberes plural e em constante transformação.